domingo, 23 de novembro de 2008

“Feliz Natal”. O filme de Selton Mello é um soco no estômago dos mais sensíveis


É aquela coisa, depois de muito trabalho, dissertação concluída, projeto de doutorado, você resolve descansar um pouco, não é verdade? Pois é... Decidimos ir ao cinema. Tardezinha chuvosa, friozinho, sala de cinema vazia, nada melhor!

O filme? Putz, vamos assistir à estréia do Selton Mello como diretor? Tá certo, tá certo, o cara já dirigiu uns clipes do Ira!, do Nasi em carreira solo, enfim, por ser bom ator a gente vai com uma “certa” esperança...

Assim, entramos para assistir Feliz Natal... Como o título do post diz: é um soco no estômago! Um certeiro soco no estômago. A história de Caio, que não sei se poderíamos chamar de protagonista, se confunde com muitas histórias de vida por aí, altos e baixos, uma certa vitória, blá, blá, blá. Pelo incrível que pareça, o filme é sobre família, sim, uma família desmoronada, não sei se por conta do que Caio fez um dia ou por fatores que quando não há base familiar permitem que o barco afunde.

A forma como foi construída a filmagem, magnífica! Te põe, literalmente, dentro do filme, dentro das imagens, fortes por sinal. Sim, é um filme cult. E entenda cult no termo mais profundo. Sim, precisa ser, no mínimo um pouco sensível, inteligente, para, no fim das contas, tirar algo no final, não por ser “cult” ou ter “um roteiro complicado” mas pelo próprio ser forte, muito forte por sinal.
Não, não é um filme para o que eu pretendia hoje, nem um pouco, eu deveria ter ido assistir um sucesso de bilheteria logo na estréia, enfrentar fila pro ingresso, pra pipoca, ficar ouvindo gritinhos, etc, enfim... Mas, não sei se por gostar do Leonardo Medeiros (o cara que interpreta o Caio, para quem não sabe quem é, o cara é o protagonista do ótimo filme Cabra Cega, ainda não sabe? Ok, ok, tá na novela das oito da Globo, é o prefeito corno...). É um ótimo ator. Sim, meio marcado por personagens, digamos, atordoados, cansados, mas, acredito eu, a carga dramática do Leonardo Medeiros é fantástica, é um dos grandes atores brasileiros da atualidade. Lógico que não posso ignorar a ótima atuação do filho do inesquecível Gianfrancesco Guarnieri... Paulo Guarnieri.

No fim das contas, a soma de tudo, direção, fotografia, arte, elenco e uma única música como tema (maravilhosamente composta por Plínio Profeta) dá a esse filme ares de “preciso ter na minha coleção”, o melhor de tudo (para mim, claro) é que, certamente, quando sair em DVD, será um dos muitos filmes esquecidos e que são vendidos por R$ 9,00, no máximo R$ 14,99 nas Lojas Americanas! Bom para mim, que ando sem dinheiro, ruim para a arte que deveria ser mais respeitada, mas não entremos nesse assunto!

O personagem Bruno, o menino bonitinho, na trama, sobrinho caçula de Caio, é o contraponto da inocência, da pureza... no fim das contas, tudo é muito cru. Tudo no filme é um soco no estômago.

Poderia falar de cada personagem, para que minha sinopse tivesse cara de sinopse, mas não faço aqui algum tipo de resumo, porém, um sensível apelo... Tenham, daqui a um mês, um Feliz Natal!

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