segunda-feira, 31 de agosto de 2009

E o samba? Vai bem, obrigado!

Na última semana é inevitável não concordar que minha voz andou um tanto grave, medonha até. Isso andou preocupando os mais próximos.
Volta e meia me recordo da primeira vez que vi uma partitura na minha vida, a complexidade não me afastou, na verdade, foi a beleza de cada sinal, a forma como tudo se organizava que me apaixonou. Contudo, não sou um amante das partituras, creio que são um instrumento necessário ao músico, assim como as cifras, mas não creio que sejam essenciais às canções ou à forma de lançá-las no tempo.
O que quero dizer são duas coisas: a vida, a minha, a sua, a de todos nós, assim como numa partitura tem seus momentos altos e graves. Essa semana, tive meus graves, pois agudo demais também atrapalha. E a outra coisa é: o samba se concretiza no mistério – pense nisso. Meio solto aqui? Você entenderá!
Nessas notas graves da semana, percebi mais uma vez como se isolar não ajuda em nada, volto assim a minha tese sobre sermos todos “gente” – um dia explico o conceito de “ser gente”. Pois, confesso que se não fosse por algumas pessoas, hoje eu ainda estaria cantando grave, em clave de fá. Voltemos a de sol!
Por exemplo, nessa mesma semana grave a melodia também tocou bela. Sentei num pé sujo com alunos e travei uma agradável conversa sobre História, sobre a vida, sobre sonhos. Alunos agradáveis, divertidos e, assim como eu, críticos.
Fui jantar na casa de um professor amigo de departamento e lá conheci gente boa, dei grandes risadas, até cozinhei... Surpreendentemente, não falamos de trabalho, problemas departamentais, apenas de coisas corriqueiras da vida: saudade, casamento, amor, música e poesia.
Ontem, um grande amigo esteve aqui em casa e, talvez, seja ele o maior amigo que eu tenha aqui em Sergipe, segundo Ana: "seu anjo da guarda".
Carioca como eu, professor da UFS como eu, sabe das mazelas de estar longe da terra natal – veja bem, “terra natal”, pois aqui já é o nosso lar. Doce lar, sem dúvidas.
Como bom carioca, não veio de mãos abanando, trouxe cerveja e sobremesa e eu fiquei encarregado do almoço. Tarde incrível, ouvimos Spyro Gyra, vimos programas de humor, demos boas gargalhadas...
Um resfriado me pegou, pegou forte... talvez, graças aos graves da semana. E eu poderia estar na merda agora, bom, não estou! Rapaz, não é que estou até me sentindo feliz!
Volto, sem ter ido ainda, ao samba, pois, repito, ele se concretiza no mistério... Estou sem violão aqui em Aracaju, mas não estou sem flauta, então... Meu caro Gustavo, a melodia chegará no fim de semana para você harmonizar, a letra do samba eu registro aqui:

“E o samba...”

Ando querendo que o mundo saiba do meu samba triste em mi menor
Descrevendo os passos de alguém que no fundo não sabe ser bem melhor
Com o bumbo batendo no ritmo descompassado do peito
Vou chorando, sorrindo, sentindo o efeito
De estar só
De estar só
Por isso, eu grito para alguém ouvir
Eu canto para não sentir
Um eu menor
Ai que dó.
O sol também sempre brilha aqui
E brilha como brilha lá
De bar em bar tem mar
Mas olha só,
Eu sinto que ando em marcha-ré
Com essa tristeza que não me larga o pé
Eu vou tentar mudar
Pro tom maior
Eu vou tentar mudar
Para melhor
E o samba...


Aracaju, 31 de agosto de 2009 – 11:47 AM
Copyright © by Bruno Alvaro (Editora Retropleco)


Ps. A voz de hoje vai em homenagem ao grande Kimon Speciale, aniversariante do dia e que beberá todas no Rio de Janeiro, ao Thiago Porto, meu irmão da Tijuca que aniversaria amanhã e a todos vocês que me fazem lembrar do mistério do samba e buscá-lo sempre em tom maior!

Um comentário:

G. Alvaro disse...

Cade a melodiaaaa? já estou com o msn bom, pode mandar!


To esperando, Sergipe.