segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Um caminhante

Ontem, com que um costume gostoso como vento no rosto e cabelos, saí para caminhar um pouco à noite. Lembro-me de que quando eu morava no Rio de Janeiro e estava com a mente carregada, estressado com algo ou mesmo pensando na pesquisa, eu ia caminhar. Muitas vezes essas caminhadas se estendiam de Mesquita até Nova Iguaçu. Parceiro fiel era o Gustavo que, quando não estava com preguiça, ia comigo papeando sobre nossa infância e futuro.
Algumas outras vezes, raras, por sinal, meu pai me acompanhava e percorríamos as ruas da nossa cidade como andarilhos desfocados – eu ainda era magro e ele já pançudo. Curioso de pensar minha relação com Alvaro e Cristina, meus pais. Esses dias, me bateu saudade forte dos dois. Minha mãe anda feliz e chateada ao mesmo tempo. Feliz pois semana que vem vou ao Rio de Janeiro e ficarei por lá, uma semana, chateada, pois vou à trabalho, no máximo dormirei no quarto que era meu.
Mas sobre a caminhada de ontem. Meu celular tocou e era meu pai. Falamos rápido um com o outro, me deu certa angústia isso, muito por ter parecido que eu não estava a fim de falar com ele. Depois que terminei meu trajeto, sentei-me num banco de praça e liguei de volta, uma boa conversa tivemos, como se ele estivesse ali. Ouvia a voz da minha mãe ao fundo perguntando se eu já tinha caminhado.
Outros momentos interessantes de andarilho era no Centro do Rio, eu percorria feito criança as ruas e avenidas para ir à Universidade. Gostava daquilo, saía mais cedo simplesmente para visitar os Sebos, as Lojas de Vinis, de Instrumentos Musicais... Me perdia nos pensamentos. Hábito que cultivei de criança, quando ia com a minha família passar férias em Paquetá, era a de olhar um bom tempo pro alto e ver os prédios altos da Carioca, da Cinelândia e por aí vai.
Gostava muito também de me sentar em algum boteco com amigos e beber um pouco antes de pegar o ônibus e cortar a Av. Brasil... Tempos depois, decidi voltar para casa de trem. Caminhava pelas noites quentes rumo a Central do Brasil para pegar o Central X Japeri. Gostava de observar as pessoas, cada uma voltando do seu lugar. Tudo era uma grande caminhada e eram nessas caminhadas que nasciam as idéias, floresciam os pensamentos. Como ontem floresceram alguns.

Um comentário:

G. Alvaro disse...

Bom, esse eu gostei.

Caminhar sempre é bom.