terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Esta conversa já estava pronta há séculos, talvez, há meses, há anos, mas só agora pude arquitetá-la como queria. Só agora achei o tom certo. Só agora, faltando pouco para o altar, que achei que merecia filosofar sobre o assunto.


Tenho que ser rápido, hoje foi dia de artífice das palavras e ainda preciso concluir o que iniciei logo cedo. A vida voltou a se acertar, a maldita depressão está indo aos poucos embora como lama de enchente e eu voltei a trabalhar na tese. Nesse final de semana louco que tive, muita coisa boa me aconteceu. Poderia aqui listar horas e horas de momentos agradáveis que passei com os amigos que fiz aqui em Aracaju e como disse a preta em telefonema maravilhoso, aprendi a não me isolar mais quando o anjo negro da tristeza resolve me abraçar! E isso há de acontecer de novo. Por isso, antes de tudo, obrigado Aquino (Man), Emily, Neto, Hermano (Rabicó) e Aline (Pequeno Gafanhoto). Sem contar e sempre presente mesmo longe (estava em Maceió esse final de semana), o “anjo mais velho”, meu irmão Kiko (pois humor é coisa séria!).
Ligar para os meus pais também foi um alento tremendo. A prosa do meu pai, me reconfortou demais. E é sempre bom dizer “eu te amo” quando se quer dizer “eu te amo”. Por isso, você que está me ouvindo agora, diga “eu te amo” sem se sentir piegas! Pode dizer, vale a pena.
Enfim, como eu disse não vou me demorar muito. Vamos ao último chope em Aracaju. Pelo menos, o do ano de 2009.
Me pareceu hoje que estes mesmos nomes supracitados resolveram tirar folga de mim... Cada um estava fazendo algo. Ou ficou em casa por doença mesmo. Mas depois de trabalhar um dia inteiro num texto e não concluí-lo, resolvi relaxar um pouco, sair para caminhar, ou fazer o de sempre: prosear. Pois amanhã, será a mesma coisa! Convidei meu amigo de sempre: o gaucho!
Resolvemos andar. Acabamos parando no Shopping Jardins e pegamos a sessão das 21:55: “Herbert de perto”. Uma palavra sobre o documentário: fantástico! Vale a pena sentar na cadeira e acompanhar cada palavra e por que não? cada acorde de guitarra.
Dali, o habitual chope no Ferreiro. Nada pesado. Era papo apenas. Assunto mor: casamento. Este tema paira sobre minha cabeça nesses últimos dias. Um misto de ansiedade e angústia. Felicidade e apreensão. Como vai ser? Como será o vestido da preta? Vou chorar, vou sorrir? Pois é, para quem não acreditava: Bruno Alvaro vai se casar! Serei feliz? A farei feliz? Essas coisas passarão pela sua cabeça, meu jovem, hão de passar! Elas tem que passar
Segundo minha mãe, a idade está me deixando mais bonito, ou seria mais sereno? – acredito que isso é comentário de mãe. Dia desses quando fui ao Rio de Janeiro, uma tia reafirmou a frase – acredito que isso é comentário de tia. Mas estou começando a me sentir melhor mesmo com minha aparência, apesar da barriguinha me incomodar um pouco. Dei de observar, há certo tempo, diz Ana que já percebe isso há muitos carnavais no Cordão do Boitatá, que ando mais imponente – daqui a 30 anos, espero eu, direi que ando impotente! E não é segredo para ela que em alguns fins de semana, não todos, saio para beber meu chopinho, o que continuará acontecendo com ela aqui, é claro! E em sua companhia, é claro! Como sempre foi no Rio de Janeiro!
Bebo, no máximo, duas tulipas multiplicadas por cinco. Brincadeirinha. Meu companheiro de copo e de prosa, também é comprometido e um cara sério, sendo assim, é o par ideal para botecos e restaurantes, a preta então nunca reclamou. Criamos, eu e ele, um código, nunca sentar muito próximo de mesas com apenas duas mulheres desacompanhadas e caso isso aconteça, nunca olhar, mesmo que sejam bonitas, bom, só uma olhada vesga, pois não arranca pedaço, mas não pode deixar elas perceberem. E se elas olharem, pedimos a conta. Está certo, já sei o comentário, no mínimo, todas acharam que éramos um casal gay – fazer o que? A vida é um arco-íris meu caro amigo! E para se manter ileso do sexo feminino tem que fazer isso! Veja lá, não é segredo! Chega um momento que o cara tem que escolher e eu e esse amigo escolhemos, não um ao outro, claro! Sem piadas dúbias!
Hoje estávamos analisando essa vida de “solteiro” que não é solteiro. Contei, talvez, pela milésima vez como comecei a namorar com Ana. Na verdade, acho que todo mundo já sabe e se cansa de ouvir, só não reclamam os apaixonados, pois para quem está amando, até patinho no lago fica romântico. Pois bem, hoje, acordei com trechos do livro A insustentável leveza do ser, do Milan Kundera, na cabeça. Então, entre um texto em latim e outro em castelhano medieval, eu me pegava com trechos desse livro na cachola. Fui à estante e resolvi folheá-lo um pouco, deitado na rede, não antes sem encher uma taça de vinho italiano maravilhoso, na verdade, um restinho que tinha na garrafa, isso é outra história.
Revi a dedicatória da preta, acho que já reproduzi em algum lugar, então, deixa ser. Leio um pedaço aqui, leio outro ali. E me deparei com a seguinte passagem que, inclusive, tentei citar para esse meu amigo, enquanto estávamos falando sobre a escolha: ser solteiro, ser casado:

“Tomas dizia consigo mesmo: deitar-se com uma mulher e dormir com ela, eis duas paixões não apenas diferentes mas quase contraditórias. O amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma multidão inumerável de mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado (esse desejo diz respeito a uma só mulher).”

Deus do céu! Fantástico isso. Alguém mais quer explicações plausíveis para casar? Fecho aqui o papo de hoje. Tenho que trabalhar na madruga, hoje vejo o sol nascer!

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