domingo, 31 de janeiro de 2010

Marcha pr’um tempo sem sol

“Pega o trem e vem...”
Eu vou rumo a Central
Procurar por um bem.
Desço a ladeira da Chalet
- Eu só ando a pé, eu só ando a pé.

Encontro o Tavim na esquina do Bigode
A gente desce a Ciência
A gente não dá mole.
O frio está de lascar
De casaco flanela
Só pra esquentar.

De Juscelino vem o trem
Vai parar em Mesquita
- Estação tão querida.
A chuva fina não atrapalha o percurso:
Em Edson Passos entra o povo do jogo
(Sueca se joga em pé).
Em Nilópolis o trem pára
Os camelôs dão no pé.
Até Olinda tudo down
Em Anchieta eles voltam
E volta tudo ao normal.

No trem você encontra o Biscoito Globo
Picolé do China
E salvação pro povo.
Tem o vagão do samba
Tem o vagão dos crentes
Tem o vagão do jogo.
Em Ricardo de Albuquerque
É bom ficar esperto
Se a porta abria na esquerda
Melhor não dar bobeira
Pois abre na direita.

Me lembro,
Eita tempo bom:
Indo rumo a Central
Com cigarrinho no bolso.

Deodoro pausa pra entrar a muvucada
O trem é direto
Só parará agora em Madureira.
A chuva fina alivia o povo
E então
Em Cascadura desce uma multidão.
Engenho de Dentro, mais baldeação
Quem quiser ir pro Méier tem que descer logo
Senão...
Só parará em São Cristóvão
E se não quiser ir à Quinta
É melhor ter boa vista!

Central – estação terminal
E agora meu primo
Pr’onde vamos então?

O rumo é a 7 de setembro
Vamos comprar uns discos
Eita tempo bom
Como eu me lembro!
Depois pra Arlequim
Dar umas olhadas nuns livros
Se a coisa apertar
Eu te digo:
- Real Gabinete ou IFCS?
Você responde já suado:
- No aperto eu nem ligo, o negócio é ter vaso!

“Pega o trem e vem...”
Eu vou rumo a Central
Procurar por um bem.
Desço a ladeira da Chalet
- Eu só ando a pé, eu só ando a pé.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

29 de janeiro

Estou buscando a expressão mais certeira para exprimir o que sinto
Não sei se uso metonímias
Pois sou aliteração
Lugar comum é o pleonasmo
Em conjugar o verbo sou nada sem teu amor
Como uma canção de amor
Ou um equilibrista obrigado a abandonar a corda
Por um copo a mais de bebida
Cachaça para aliviar a febre
Metáfora do dia a dia
Se equilibrando ao léu
O letreiro ilumina nosso leito de dormir
Vago sem sono numa madrugada áspera
Vago sem sono
Pois sou aliteração...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sancto Dito

De volta a Aracaju. Fim de festa. Início de outra. Juntamos uns amigos, fizemos uma salada bonita e uma costelinha suína e em pleno sábado fomos pintar nosso apartamento – apreensão!
Mas, uma força sobrenatural protegeu a todos nós naquele sábado quente, porém de vento fresco no décimo andar: Santo Dito. Para os eruditos em pintura, Sancto Dicto (na forma latinizada). O que segue agora é uma verdadeira hagiografia sobre esse personagem mitológico e que norteou nossas mãos no desbravar artístico que é pintar paredes, tetos e rodapés.
Dito entrou para os anais da História da Arte quando, na verdade, não se sabe quando exatamente, pintou em apenas uma hora, uma casa no Santa Lúcia (conjunto habitacional localizado no Bairro JK, na cidade de Aracaju). Diga-se, de passagem, que esse ser sobre-humano pintou uma casa em 60 minutos e ainda sentou para descansar.
Registros antigos provam que se Dito quisesse um céu ele pensaria em azul, se quisesse sol, pensaria em amarelo. Alguns outros relatam que Dito não pinta, ele pensa e a parede já é coberta pelas cores mais lindas! Salve Dito!
Foi assim: um sábado de aleluia!
Ainda sem internet, telefone e cadeiras para sentar – por pouco tempo! Mas as paredes (graças a áurea de Dito sobre todos nós): foram pintadas!

sábado, 16 de janeiro de 2010

Um domingo



Algumas coisas engraçadas da vida. Estava agora pouco no banheiro e me lembrei do último – ou penúltimo – poema que publiquei em uma antologia. Na verdade, há um imbróglio nisso tudo, o editor me pediu uma crônica, acho que já ficou visível que não sei escrever crônicas, fiquei, então, uma semana, mais ou menos, maturando sobre o que escrever. Então volto pro banheiro, melhor, para minha memória de agora pouco no banheiro. Vi uma barata, na época e agora. O que deveria nascer como crônica se inspirou numa barata.
Terminada a escrita, olhei bem e gostei do que havia colocado no papel, mesmo sabendo que “papel agüenta muita lorota”, como já disse Graciliano Ramos. Todo empolgado, sem medir tempo ou qualquer outro tipo de força maior, enviei para o editor, que tenho certeza, não pensou muito se era crônica, piada, poesia ou prosa, ou mesmo um rabisco qualquer. Entrou na antologia de crônica uma prosa poética, intitulada Livros, que satisfeito eu dedicara ao meu primo Gustavo Alvaro. Como crônica, era um desastre, mas como prosa poética, era bela as letras no papel.
Amanhã o moleque vem aqui almoçar comigo, o último almoço na casa dos meus pais. Pela manhã levarei minha esposa ao aeroporto para se despedir de uma irmã que veio ao nosso casamento e que mora na Bahia há alguns anos. Depois a deixarei na casa de uma prima e volto para almoçar em casa – domingo será dia de despedidas, para ela e para mim.
Enquanto relembro causos aqui, nesse último fim de semana no Rio de Janeiro, na casa de meus pais, com a presença dos meus amigos, com o som do samba, do violão e da flauta. Meu peito bate como um bumbo, caminho como que seguindo marchinhas de carnaval de rua. Ouço em silêncio o belíssimo cd Samba da Cidade, gravado em 2005, por Moacyr Luz, artista que me consolou todo tempo em Aracaju. Esse disco, um daqueles que você só empresta para grandes amigos, é recheado de preciosidades, canções lindas, eu listaria aqui várias que me tiram lágrimas dos olhos: Som de prata, parceria lindíssima do violonista com o poeta Paulo César Pinheiro, escrita em homenagem a Pixinguinha. Ou então, Vila Isabel, feita com Martinho da Vila, a fantástica Praça Mauá: Que mal há? com o craque Aldir Blanc, esse, sim, um dos grandes cronistas cariocas. Porém, uma em especial embala minha noite hoje, fim de chuva, o calor voltando, raios longínquos mas sem amedrontar, uma preguiça gostosa depois de uma boa feijoada em Padre Miguel, um gosto de caipirinha com cachaça mineira na boca, uma coisa que só eu sei. Uma música que me fala muito, que me embala esse fim de jornada. E que por ironia do destino se chama Tudo que vivi. Essa parceria fantástica entre Moacyr Luz e o grande Wilson das Neves me tirou lágrimas hoje. Mas curioso ainda é o verso: “no anel de ouro o meu santo forte”. São Jorge. Não sou católico. Mas é engraçada essa coisa desse santo, o santo guerreiro. Me lembro que foi estudando São Jorge que ingressei na vida acadêmica, sobre ele ou pelo menos inspirado em como a cavalaria na Idade Média se inspirava nele, que iniciei minha jornada e é assim tudo que vivi:

Quando dei por mim mudei de caminho
Encostei no fundo do coração e cantei sozinho
Fiz um tamborim com as minhas mãos
E a canção surgiu
Como nasce a luz numa escuridão
Minha inspiração.
Me lembrei de mim lendo a minha mão
E a melodia bordando contas do meu cordão
Tudo era destino
Tudo aconteceu
Pra dizer em verso o que minha vida já escreveu.
Com amor amei
Árvores plantei
De me emocionar sempre que aprendi
Nas vezes que errei
No anel de ouro o meu santo forte
E por isso eu digo pra Deus: Oh sorte que te encontrei!

(Moacyr Luz e Wilson das Neves)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Subúrbio, doce subúrbio

Subúrbio, doce é o subúrbio com suas ruas e casinhas de portas estreitas e quintais longos. Profundo é o samba e a batucada, as cabrochas e a velha guarda. Subúrbio da feijoada, caipirinha e cerveja gelada.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A sobreviver

O céu treme e cortado por raios. Uma luminosidade linda. Há tempos eu não via isso. Há exatos oito meses eu não via isso. O calor infernal diminuiu um pouco, um vento mais fresco entra pela janela da sala.
Faz um tempo que não converso com você. Mas o silêncio não me doeu a alma. Estou escolhendo boas palavras para degustação, para uma boa prosa, regada ao som da minha própria voz.
Ainda meio exausto pela alegria, uma febre chata me assola, uma coriza me toma tempo e parágrafos, nem me tomo a escrever poesias de fichário. Mas amanhã tem bloco, sábado tem feijoada e caipirinha e mais bloco a noite – vou ver a preta rodar, seja por alto teor alcoólico ou por frescor de alma. Há tempos não converso com você, meu Rio de Janeiro. As lágrimas de São Sebastião escorrem pelas ladeiras – Angra desolada. Cascadura e Madureira inundadas, mas devo ter coragem, ainda hoje rumo para lá – o subúrbio me consola.
Ouço calmamente o primeiro disco do João Bosco. Fico navegando pelo site da Sebastiana. Não sei o que fazer. Também sei as coisas que me pesam nas costas. A tese, a vida e o sorriso. Segunda-feira, retorno a Aracaju: “eu estou remando rio acima por prazer... não a nada a desculpar, foi por querer”. Continuo com as músicas do disco do Bosco e assim vou seguindo ouvindo a chuva, os raios e os trovões.
Minha esposa foi ao shopping. Estou na casa dos meus pais. Estou em paz e sem nada para escrever pr’O Ventríloquo – paciência: “eu estou remando rio acima por prazer... não a nada a desculpar, foi por querer”.
Nessa ausência de inspiração toda, transcrevo, uma das músicas que está nesse primeiro disco de 1973, que na minha opinião é uma das melhores. Na verdade, esse disco, que tem o clássico “Bala com bala” tem várias outras pérolas!

Música: Nada a Desculpar
Autores: João Bosco & Aldir Blanc

Dentre as mentiras da vida
duas nos revelam mais:
- É um prazer conhecê-lo.
- Era muito bom rapaz.
Eu vou é sair de trás da mesa
espiar que é que tem ali de baixo.
Se eu for embora
vou deixar a luz acesa
e se voltar
não limpo os pés
no seu capacho.
Dizem que é fogo atingir
com o meu estilingue
as vidraças insensíveis
do Shopping Center Building.
Se você me perguntar
o que é que eu acho
mesmo que eu ache
eu já digo que não acho.
Enquanto brincam no gramado
as moças chiques
eu quero chuvas pra estragar o piquenique.
Eu não provei aquele tipo de xarope
que está por cima
nas pesquisas do IBOPE:
eu estou remando rio acima
por prazer,
não há nada a desculpar
foi por querer.
Me passe o sal
pra botar na sobremesa
o Grande Público
cansou minha beleza.

domingo, 3 de janeiro de 2010

O sistema

Nem sei que horas são, meu fuso horário anda confuso, nem o dia ou data sei direito. “A culpa é do sistema” penso eu.
Acordei cedo, melhor, fui acordado. Mas já era tarde. Meu café ou almoço – quem sabe? – foi croquete do português, meu pai quem comprou. Levantei-me nu. Durmo nu. Não como naquele livro do Veríssimo. Não é? Acho que sim, não tenho certeza, Só sei que não é do Jabor. E por falar em literatura, dei pra começar a ler “O Cheiro do Ralo” do Mutarelli, comecei sentado na latrina, curioso isso. Já acordei sabendo que o dia não seria bom. “A culpa é do sistema” agora eu sei. O livro não é meu. É da minha cunhada. Devolvo depois. Mesmo sem ela ter emprestado.
“A fama de poeta te persegue, não?” foi o que eu me disse enquanto coçava a bunda, indo tomar banho. Sento antes na latrina. Vou tomar banho. “O homem nu” é uma crônica do Fernando Sabino, é uma crônica num livro do Fernando Sabino chamado o “O homem nu”. Isso aqui também é uma crônica, “culpa do sistema” digo eu enquanto escrevo. “Queria escrever um conto”, me disse de manhã quando fui acordado.
Acordei antes de ser acordado assustado. Uma mão estava sobre o meu peito e ronronava, me deu um sorriso e me chamou de “meu fofo”! “Meu fofo é o caralho” eu gritei. Acordei. Acho que gritei de verdade, ao meu lado só um travesseiro. “Puta que pariu” eu me disse. “Tenho que perder a barriga” pensei de novo. Um homem que mora só tem o direito de mandar alguém tomar no cu. Semana que vem caso e não posso mais fazer isso.
Acordei com meu pai me ligando “tem croquete e tua mãe não vai fazer almoço. Tem croquete do portuga”. Sentei na latrina. “O Cheiro do Ralo”. O céu hoje deu trégua e estava azul. Vejo o céu da janela, sentado no vaso. Nem sei que horas são. A culpa é do sistema.
Novo ano, mais um mês. As mesmas contas. O sistema me disse mês passado que eu pedi algo que não pedi. Me disse de novo esse mês. Especificou data. Foi exatamente no dia quatro de novembro”. Me apareceram duas contas que eram para ser uma só. Como eu serei daqui uma semana. “Você acredita nessa coisa de ser uma só carne, como diz na Bíblia?” me questionei enquanto escovava os dentes. Aliás, ganhei uma Bíblia de presente de uma amiga. “Bíblia da Família”. Estou lendo o Livro de Jó. Ele é foda. Sofre, sofre, mas no final se dá bem. Mas eu não sou Jó. “No tempo de Jó não havia o sistema” digo eu agora na frente do laptop. Já li toda a Bíblia três vezes... e o Livro de Jó, a história de Jó nunca me saiu da cabeça. Não se pode falar o versículo do pó viemos e para o pó voltaremos para um drogado. Isso não é meu. Não é frase minha. Vi na TV Pirata... Anos bons aqueles. Mas o sistema fode tudo.
Como meus croquetes. Volto pra casinha. O dia inteiro deitado no desconfortável sofá cama. Aqui na casinha é assim, sala quarto, sofá cama, cozinha escritório. “É o charme das kitnetes”, penso eu. Meu quarto na casa de baixo, na casa dos meus pais, não é mais meu. Fico isolado na casinha. Pego o Mutarelli e me sento no quintal. Há uma jaqueira enorme quase dentro da casinha, dentro da varanda da casinha. Já leu “Estorvo” do Chico Buarque? É mais ou menos como fizeram com o fícus da história. Aliás, lendo o dicionário, hábito esquisito que mantive da adolescência, descobri que figo também significa “úlcera do ânus ou outro órgão pudendo”. Puta que pariu! Mas figo não tem nada haver com fícus. Que se foda. Pudendo por sua vez tem vários significados, entre eles “envergonhado, vergonhoso” – como esse texto. Ou “relativo ou pertencente aos órgãos genitais externos”, sendo assim, se não estou enganado, o dicionário encara o cu como órgão genital. O cu, por sua vez, nome chulo dado ao ânus (do latim anus), segundo o pai dos burros, é um “orifício na extremidade terminal do intestino, pelo qual se expelem os excrementos”, então não é um órgão genital. Mas todo mundo quer comer um cu, até mulher quer comer um cu e o sistema está comendo o meu. Por isso eu penso que todo homem e mulher que se preze tem o direito de mandar alguém tomar no cu. Que não seja o meu. Porém, o maldito sistema há dois meses come o meu, o que agora em janeiro me gerou um figo. Tudo é circular. A tese do Muterelli no “O Cheiro do Ralo” até que se comprova. O olho do cu!
Em novembro as duas contas que deveriam ser uma só, me renderam quase R$ 800,00 de rombo no orçamento. Paguei apenas centro e trinta e cinco. O olho do cu me tiraram. Parcelei o restante com a primeira para janeiro, pensei que tudo se normalizaria. O olho do cu. Mas hoje descubro que o mesmo sistema alega que eu disse ao sistema para suspender o sistema de conta única. O olho do cu que fiz isso! Sendo assim, em dezembro, o que pago agora em janeiro, o sistema gerou duas contas que deveriam novamente ser uma só. Uma no valor de R$ 356, 14, exatos. O olho do cu? Ainda não! E outra no valor de R$ 308, 45, exatos. Figo. Vai tomar no cu! Não o jogador português! Portugal tem bons vinhos, bons azeites e de lá é o pastelzinho de Belém, apesar de Belém ficar na Cisjordânia. Mas ninguém me ouve. Falo com a máquina. Ela pede para eu repetir, eu repito: “vai tomar no cu!”. Penso agora na frente do laptop: “vai tomar no cu!”. Dois banhos. Uma porrada de mariposa dentro da casinha. Meu celular piscando. Uma mensagem. “De nada” penso eu. Saí dando pazada feito louco. Quero as mariposas mortas. Filhas da puta! “Alô?”. “Oi? Vai tomar no cu!”. Que vontade de gritar. Mas a culpa é do sistema. Nervoso.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Poema nº 1

Teu corpo sobre o meu
Meu corpo sobre o teu:
Chocolates.
Tua pele – chocolate.
Vinho tinto – meu suor.
Levemente beijo teu mamilo.
Sonho ou liberdade
Teu cheiro nos lençóis da cama?
Me enrolo.
Rolo de um lado para o outro,
Procuro teu espaço,
O espaço que arrancaste do meu peito...
É o meu fim.
Ficas comigo essa noite?
Vá se embora de mim?
Estrelas,
Constelações.
Está constatado
O sonho.
Me apego à simetria dos teus lábios.
Me enrosco no gosto bom da tua língua.
Mergulho fundo entre as tuas pernas.
Ternas elas são, pois me acolhem o falo.
Falo obscenidades ao pé do teu ouvido,
Vejo que tu gostas:
Ouço teus gemidos.
Rimo conversas sujas que tivemos
Ainda jovens como o tempo.
Tu eras assim: silêncio.
Sorris brancamente com olhar ainda de menina
Mas teu corpo é de mulher.
Exausto
Olho o teto branco
E vejo pautas surgindo no escuro.
Escrevo ali meu poema,
No caderno do quarto.
Me demoro em cada verso,
Pois quero que tenhas meu melhor retrato.
Pois minha poesia é assim:
Meu retrato exposto,
Revelado.
Me perguntas no que penso
Te falo sempre a verdade:
Meu momento foi pensamento
Quando tu tocaste minha alma.
Me deixaste ao relento,
O calor sorveu meu sofrimento
E agora sou assim:
Escritor de teto.
Nas folhas brancas que são as paredes do quarto.
Nas pautas do caderno do quarto
Escrevo para o mundo com meu eterno silêncio
A palavra que exprime o melhor gozo guardado:
Cansaço.